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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Nossa História - Grayce e João Pedro

Oi, eu sou a Grayce, casada com o Amaral e somos os pais do anjo João Pedro.

Na foto eu e meu marido Amaral.
Ficamos 1 ano e meio em tentativas até que conseguimos engravidar.
Desde o início tivemos um gravidez conturbada. Eu tinha uma deficiência do hormônio progesterona, o que causava dificuldades em “segurar” a gravidez. Fiz todo tratamento recomendado pela minha médica, mas os problemas insistiam em aparecer. Foi uma luta desde o início: baixo nível de progesterona, placenta prévia, colo do útero curto e repouso absoluto....Só quando estava entrando no 5º mês de gestação é que as coisas começaram a entrar nos eixos.

Nesse meio tempo descobrimos que seria um menino. O sonho da nossa família, um gurizinho pra alegrar a todos.
Foram dois meses de tranquilidade, de calmaria, até que fomos fazer a eco 3D pra ver o rostinho dele e descobrir com quem ele seria parecido.
O médico que estava fazendo o exame brincava com a gente e riamos o tempo todo. Tinha terminado a parte em que veríamos o rostinho e o médico disse que ia aproveitar e fazer uma revisão pra ver se tudo estava bem.

Percebi que ele se deteve muito na região abdominal e eu já estava ficando angustiada. Ficou um silêncio na sala até que o médico disse “eu estou há mais tempo aqui nessa região, pq parece que temos um probleminha...” nessa hora eu gelei e perguntei “que probleminha?” então ele me disse que as medidas da barriguinha dele estavam marcando pra 25 semanas, quando o restante marcava pra 27/28, que era o tempo de gestação correto. Aí ele me disse, bem calmamente, que isso era característico de Hérnia Diafragmática, me explicou meio por cima o que significava o problema e disse pra eu conversar com minha obstetra, pois precisávamos acertar algumas coisas, visto que, com isso o bebê poderia apresentar algumas dificuldades ao nascer e todos precisariam estar preparados pra atendê-lo. O médico foi tão cauteloso que eu nem me assustei. Pensei que fosse uma coisinha simples. Nunca vi hérnia ser coisa grave.

No dia seguinte eu fui na minha médica. Como eu pedi um encaixe, o Amaral não conseguiu ir comigo por causa do horário, então fui sozinha. Chegando lá, falei pra ela o que tinha aparecido no exame e ela olhou pra mim e disse com todas as letras “isso é uma bucha”. Quando ela falou daquele jeito, pensei “mas como assim?”. Aí enquanto ela ia abrindo o notebook, ia me explicando vagamente sobre o problema físico.
Então ela conectou à internet, pesquisou e me disse “tu quer a verdade né? Então vou ser bem sincera, só tem 60% e chances de sobrevida”. Quando eu ouvi aquilo eu entrei em choque, fiquei tão apavorada que não consegui reagir. A médica seguiu falando e eu lembro de ter anotado que eu precisava encontrar um cirurgião pediátrico e um hospital com UTI neonatal.

Saí do consultório em desespero, berrando... quando entrei no elevador, encontrei uma médica que é amiga da minha mãe. Ela quis saber o que estava acontecendo, contei e ela pediu que eu ficasse calma que ela tentaria me ajudar.

Peguei um táxi e fui direto pra casa da minha mãe. Quando eu cheguei lá, minha mãe estava me esperando tbm em prantos, pois ela já tinha ido pesquisar na internet o que significava HDC. Então ela já soube pela pior fonte possível, da gravidade do caso. Eu fiquei desesperada e quando o Amaral chegou do trabalho, ficou perdido em meio a tanto choro, até que conseguimos explicar pra ele o que estava acontecendo.

Naquele dia iniciou uma busca incessante.... Minha mãe ligou pra médica amiga dela e conseguiu indicação de um cirurgião Pediátrico. Eu entrei em contato com os melhores hospitais de Porto Alegre, mas só consegui autorização pra ir visitar o hospital Mãe de Deus. Os hospitais daqui têm um política muito rígida com relação às visitas à neo, pra evitar contaminações ao bebês, mas como eu estava fazendo o cursinho de gestantes lá, o meu acesso foi mais fácil.

Levou alguns dias até eu conseguir a primeira consulta. Fomos ao Hospital da Criança Santo Antônio, onde o médico que nos atendeu nos deu uma aula. Chegamos lá apenas com as informações da internet e saímos sabendo tudo de HDC. Saí de lá mais consciente. Sabia das dificuldades, mas tbm sabia que poderia dar certo.
Aquel foi uma semana cheia.... consultamos aquele médico, visitamos a neo do hospital Mãe de Deus, fiz novos exames (ecocardio que deu tudo bem e outra eco morfológica que confirmou o problema) As coisas estavam se ajeitando, mas eu ainda queria ouvir outras opiniões.

Eu achava que precisava fazer mais, e continuei atrás de outros médicos que pudessem nos ajudar. Contatei vários credenciados ao meu plano de saúde, mas apenas um deles conhecia e fazia cirurgia de HDC. Marquei consulta pra dali uns 10 dias, e nesse meio tempo encontrei a paz e a esperança em um centro espírita. Lá consegui me acalmar um pouco e ver as coisas com mais otimismo e positivismo.

Já de chegada ao consultório deste segundo médico, simpatizei com o lugar. E depois que o conhecemos ficamos encantados. Ele era mais que uma médico, era um anjo. Nos explicou detalhadamente sobre o problema, se interessou em ouvir a opinião do Amaral e ainda fez mais: agilizou para que nós pudéssemos visitar a neonatal do hospital Moinhos de Vento, onde ele julgava ser o melhor lugar para receber o João Pedro. Fez ainda muito mais... conseguiu uma autorização pra que minha obstetra me atendesse naquele hospital. Como ela não era credenciada lá, só com autorização especial.

Saí do consultório chorando de emoção. Tinha encontrado o anjo protetor do nosso bebê. Nem quis ir nos terceiro médico que estava agendado, estava definido que este seria o nosso cirurgião.
Dali em diante todo começou a se encaixar. Fomo visitar a UTI neonatal do Moinhos e lá fomos apresentados à Débie e ao Rafa, que estavam lutando junto com a Cecília contra a HDC já há dois meses.
Conversar com a Débie foi muito bom. Ela nos colocou todos os problemas que estavam passando, todas as dificuldades que a C teve com as cirurgias, mas mesmo assim ela me mostrava uma força, que me fazia acreditar que não seria diferente com a gente. Que íamos vencer aquele problema e voltar pra casa com nosso filho nos braços.

Estava então tudo definido: médico acertado, hospital preparado, obstetra autorizada. Era só esperar o dia 3 de janeiro de 2011 chegar, para fazermos o parto. Mas o que ninguém imaginava aconteceu: um mês antes minha bolsa rompeu de madrugada.  Ligamos pra minha obstetra, mas ela não atendia o telefone. Fomos correndo pro hospital, ligando durante todo o caminho, mas ela nunca atendia, deixamos mensagens de vós, de texto e nada de retorno. Chegamos ao hospital e não tinha médico pra me atender, pois lá só se atende com hora marcada e com médico próprio da paciente. A equipe toda se mobilizou, chamaram outro médico e em fim, 3 horas depois o João Pedro estava nascendo. A minha antiga obstetra???? Até hoje não me retornou.

O parto correu muito bem. Ele nasceu com 43,5cm, 1,9Kg, apgar 8 e 8 e estava aceitando tão bem o respirador, que logo depois do parto, puderam trazer ele pra eu ver. A emoção de poder dar um beijo nele é indescritível.  

Eu não pude ir ver ele durante o dia, mas o Amaral ia toda hora. Aproveitou o horário de exames e foi ao cartório registrar o pequeno e depois foi no meu trabalho encaminhar o pedido de inclusão no plano de saúde.

À noite, quando eu pude ir na neo pra vê-lo, foi um choque pra mim ver aquele pedacinho de gente cheio de canos, mangueiras e aparelhos conectados, mas eu sabia que era preciso. Ele estava sedado, mas quando cheguei perto dele e segurei sua mãozinha, ele apertou meu dedo. Eu sabia que ele podia me sentir. Falei com ele e disse que ele era muito forte e que era capaz de resistir, disse que eu o amava muito e que estava ali do lado dele.

O médico da noite veio conversar com a gente, nos explicou a gravidade do caso pela prematuridade, mas disse que ele estava respondendo bem. Pediu que eu voltasse pro quarto pra não causar estímulos ao JP e não fazer com que ele se agitasse.

No dia seguinte, assim que me acordei, tomei um banho e fui vê-lo, mas no meio do caminho meu soro começou a sangrar e eu tive que retornar, então pedi que o Amaral fosse e não o deixasse sozinho. Um tempinho depois o Amaral voltou e disse que estavam fazendo exames nele e que ele não poderia ficar lá.

Mais um tempinho, e chegou no quarto a psicóloga do hospital, pra conversar com a gente e saber como estávamos nos sentindo. Em seguida chegou uma das médicas e disse que não trazia boas notícias. Quando ela disse isso, senti meu corpo amolecer. Ela disse que ele havia tido uma parada e estava fazendo de tudo o possível para reanimá-lo mas que não sabiam se conseguiriam. Que se nós acreditássemos em Deus, era pra rezarmos.

Elas saíram do quarto pra nos deixar sozinhos em nossa intimidade. Aqueles momentos foram desesperadores. Eu não queria acreditar que podia acontecer o pior. Rezei e pedi muito a Deus que desse força o meu menino, mas em seguida a porta do quarto se abre e vejo a médica e a psicóloga entrando, chorando e só disseram “não deu”.  Meu Deus, não há como explicar tudo isso. Eu queria morrer. Sem sombra de dúvidas foi a pior dor que já senti na minha vida.

Infelizmente a HDC nos venceu. Esse problema destruiu a nossa vida, mas com fé em Deus, estamos conseguindo nos recuperar.

Criei tbm um blog pra contar a nossa história, a história de luta do JP pela vida (http://joaopedro-anjoguerreiro.blogspot.com/) lá é possível encontrar detalhes do que vivemos juntos.

Acredito que juntos, nós temos uma missão: a dele era de se fazer exemplo para um problema sério e grave e a minha era fazer com que esse problema fosse mais difundido e que a mães que passam por esta angústia, possam ter onde encontrar informações ou apenas uma palavra de força e de carinho.

Um pequeno resultado desta missão, na revista Pais&Filhos do mês de julho. Lá consegui um espaço onde pude falar um pouquinho sobre nossa história e HDC. Acessem o link da revista e deixem seu comentário sobre a matéria. http://revistapaisefilhos.com.br/revista/edicoes/julho-2011/que-meu-bebe-nao-voltaria-pra-casa  

A história de luta do JP neste plano teve um fim, mas eu continuo lutando. E, para me auxiliar, e tentar auxiliar o próximo, criei outro blog http://meusanjoseeu.blogspot.com/ . Neste, eu falo sobre mim, sobre minhas angustias, minhas expectativas e meus sofrimentos, que não acabaram com a perda do João Pedro.

Espero com toda a minha experiência, poder ajudar a quem necessita.

Quem quiser entrar em contato, fique a vontade. Sempre que possível, retornarei

Um grande abraço e paz em nossos corações

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