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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Nossa História - Alcione e Taiza

Percebi que em todos os casos das histórias relatadas no blog são contadas pelos pais de crianças com HDC. A minha vai ser diferente, pois serei eu mesma o bebê que sofreu Hérnia diafragmática que irá conta- la.
Meu nome é Taíza tenho 18 anos. Há 18 anos fiz uma cirurgia de Hérnia diafragmática.
Nasci de 32 semanas de parto normal no dia 16 de fevereiro de 1993. Foi uma gestação normal até o 6º mês. Do 6º até o 8º mês minha mãe teve dilatação do útero e teve o risco de aborto. Ficou de repouso tomando remédio pra segurar a gestação. Após o parto fui para casa normalmente. Com 25 dias de nascida comecei a vomitar e então fui levada ao pediatra. O pediatra tinha suspeita de HDC, mas não foi confirmado, pois a cidade onde morava (Bom Jeus-GO) era muito pequena e não havia aparelhagem suficiente para diagnóstico .
Fui mandada para uma cidade um pouco maior chamada Itumbiara-GO. Minha mãe conta que o médico que me atendeu fez ultrasom, raios-X e exames de sangue. Então foi confirmada a Hérnia diafragmática complicada. Os médicos de Itumbiara nem sabiam o que fazer, pois nunca haviam tido casos relatados nesta cidade. Depois de três dias minha mãe desesperada assinou um termo e me retirou desse hospital. Pois meu estado de saúde agrava a cada dia. Já estava com desidratação, pneumonia, travei os membros inferiores, superiores e não movimentava a mandíbula, não mamava, não respirava direito e tinha convulsões.
Fomos à cidade mais próxima Uberlândia-MG. No caminho tive três convulsões. Chegando a Uberlândia fomos direto ao Hospital das Clinicas. Fui atendida pela neonatologista. Ela pediu os papéis de encaminhamento do Hospital de Itumbiara e quando ela  abriu o envelope estavam todos em branco. Então tive que fazer todos os exames novamente. Enquanto providenciava rapidamente os exames foi colocada uma sonda no meu estômago e constatou fezes. Depois dos exames prontos. Meus pais ficaram desesperados em ouvir da médica que eu tinha apenas 1% de chance de sobreviver, pois apresentava um quadro muito grave de Hérnia Diafragmática Complicada, devido a todos os meus órgãos com exceção dos rins estarem fora do lugar, ter pneumonia, Wolf Parkinson White (arritmia cardíaca), desidratação e estava muito fraca, pois estava vomitando a três dias.
Fizeram então uma junta médica e decidiram tentar a cirurgia. Estavam com medo, pois  na época não se conhecia casos de bebês que apresentassem a patologia após 25 dias de nascido. Quando constatado o caso de Hérnia Diafragmática é mais comum que esses bebês já nasçam com essa Hérnia. No meu caso foi desenvolvida após o nascimento sem nenhum trauma e explicação. No HC de Uberlândia já haviam tentado fazer a cirurgia de HDC em bebês com problemas parecidos com o meu, mas esses bebês não sobreviveram.
Meus pais se agarraram ao 1% de chance e fui levada ao centro cirúrgico. Minha mãe não aceitava em ter que me perder e me pedia a Deus de qualquer jeito. A cirurgia demorou 6 horas. Durante a cirurgia tive três paradas cardíacas, mas aguentei firme.
Depois fui para UTI neonatal. Respirava com ajuda de aparelhos, os médicos tentavam retirar o tubo, mais eu não aguentava e logo tinha que voltar para o Oxigênio. Após 24horas da cirurgia tive um saco herniário.O médico que me deu a anestesia disse que eu não aguentava outra anestesia. Então fizeram outra junta médica para  decidir o que iriam fazer. Decidiram então fazer uma nova cirurgia para retirada do saco herniário. Fiz transfusão sanguínea, mas tive uma alergia muito forte, entraram com medicação e fui pro centro cirúrgico só que não conseguiram dar outra anestesia, meu estado de saúde se agravava.
Voltei pra UTI com o saco herniário com risco de uma infecção hospitalar. Fiquei 17 dias na UTI e os médicos foram tirando o Oxigênio. Depois desses 17 dias já respirava sozinha. Fiquei mais 6 dias internada e fui para casa com saco herniário.
Fiz acompanhamento ate os 3 anos de vida  com pediatra e uma junta médica. O saco herniário foi regredindo mês após mês. Mesmo com alguns cuidados médicos tive uma vida normal. Andei e falei muito cedo com 8meses já falava quase de tudo e andei com 10 meses. Fui pra escola com 1ano e 6 meses. Desde cedo sempre fui muito esperta. Aos 5 anos comecei a ter algumas cólicas  intestinais. Fiz tratamento com uma gastroenterologista pediátrica. Mas não me impediu de brincar e ser como todas as outras  crianças. Aos 11 anos fiz uma cirurgia no intestino chamada Laparotomia Exploradora para Lise de Bridas devido a Hérnia Diafragmática com o meu crescimento as alças se romperam. Nessa cirurgia também tive que levar Deus e a  sorte junto comigo, fiz ela em Itumbiara-GO e tinha sido diagnosticada como apendicite.
Quando começaram viram a obstrução intestinal. Fiquei 7 dias com infecção hospitalar.Passado o pós cirúrgico fui para Uberlândia-MG e descobri que tinha Prolapso da Válvula Mitral (problema congênito da válvula do coração) e que não posso pegar qualquer tipo de infecção. Passado todo esse susto fiquei por 6 anos com trauma psicológico. Tratei e hoje estou bem.
Mudei pra Uberlândia com 14 anos. Vim sozinha e depois de três meses meu irmão (3 anos mais velho que eu) também se mudou pra cá. Desde pequena pensei em ser médica. Hoje com 18 anos faço Pré Vestibular, tentando passar pra medicina.
Com toda essa história desejo que todas essas mães que tem ou tiveram crianças com HDC vejam seus filhos como crianças fortes e capazes.

Eu com 4 anos de idade.

Sei também que a presença e o amor dos pais são de muita importância. Quando estava na UTI neonatal, por estar cercada de fios e tubos era difícil pra eu sentir o contato humano. Meus pais sempre colocavam a mão na minha testa. Curiosamente até hoje, sempre que estou ansiosa ou com alguma dor e principalmente com medo a única coisa que consegue me acalmar é colocar as mãos na testa. Prova que mesmo não entendendo a situação podemos senti-los.
Sempre fui muito independente e forte. Acredito que essa personalidade deve-se a forma como aprendi a ver a vida. Deus dá a Cruz aqueles que sabem carregá-la. E nós somos capazes o suficiente para carregá-la. Existe uma música que gosto muito e acho que ela resume bem o que somos. Diz assim: “Aquilo que parecia impossível... Aquilo que parecia ser minha morte, mas Jesus mudou minha sorte. Sou um milagre estou aqui.”
Eu com 18 anos, segurando a minha tartaruga Manoela.
Obrigada a todos pela atenção em escutar um pouco da minha história.
Disponibilizei meus contatos abaixo. Sei que o que passei aconteceu á alguns anos. Alguns procedimentos mudaram e alguns avanços na medicina surgiram, mas caso queiram saber mais alguma coisa da minha vida ou troca de experiências estarei à disposição de vocês pra ajudá-los nessa luta.
Um forte abraço.
Email:     taiza_cortes@yahoo.com
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MSN:    taizacarvalhocortes@hotmail.com




2 comentários:

Obrigada por comentar! Fique atenta que responderei ao seu comentário no post q foi comentado. Beijãoo