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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Nossa História - Ana e Clara

Me chamo Ana Cleice, moro em Manaus e fui mãe aos 29 anos da Ana Clara, tive uma gravidez normal para os parâmetros da medicina.
Fiz todos os ultra-sons nas datas solicitadas e nenhuma conforme o laudo da ultrassonografista apresentou má formação. 
Quando a Ana Clara nasceu ela teve uma depressão respiratória e a pediatra ao ser questionada sobre o ocorrido disse que era normal pelo fato de eu ter tido um parto cesárea e alguns bebes que nascem de parto cesárea não choram.  Como era mãe de primeira viagem não questionei, porque até então confirmei a resposta da pediatra com o meu obstetra que confiava.
Fomos para casa e cuidei da Ana Clara como um bebê normal. Amamentei, dei banho, fiz curativo no umbigo, tinha bastante cólicas e chorava como qualquer bebê. Enquanto aguardávamos o dia de sua 1ª consulta ao pediatra, fomos fazendo o teste do olhinho, do pezinho, da orelhinha. Infelizmente ou felizmente, a HDC não esperou a consulta.
Com 17 dias de nascida e no dia de sua 1ª consulta, ela acordou chorando muito. Minha mãe chegou nesta hora e espantou-se com aquele choro de dor. Achávamos que eram cólicas e como íamos ao pediatra, resolvemos dar um chazinho para ela se acalmar para eu poder arrumá-la e me  arrumar também. Quando fomos dar o chazinho, ela tentou engolir e como se estivesse se engasgando, foi ficando sem respirar e ficando totalmente roxinha. Minha mãe gritou, clamando a Deus que nos socorresse e mandou-me chupar em sua boquinha. Sem saber o que fazer e como fazer, chupei e por um milagre de Deus ela retornou e vomitou uma baba muito espessa.

Corremos para o Pronto Socorro da Unimed e chegando lá, a pediatra que nos atendeu disse que ela estava com uma grave pneumonia. Eu discordei e questionei com varias perguntas. Fomos para o Raio-x acompanhada da médica. Quando ela viu o raio-x ficou sem palavras e nos levou ao Cirurgião, que imediatamente nos explicou o caso grave que a Ana Clara estava passando.

Ele virou friamente para mim e disse: é o seguinte, teu BB esta com Hérnia Diafragmática rompida, aki estão as alças intestinais, em baixo da clavícula, o coração esta nas costas, o pulmão esquerdo eu não enxergo, o mediastino esta desviado para a esquerda e ela precisa ir para UTI urgente e passar por uma cirurgia.

Foi perguntando a Dra. Claudia onde estava o BB e fomos para a sala de reanimação, chegando lá, minha mãe estava do lado de fora chorando, me perguntado o que estava acontecendo e eu não conseguia falar nada, meu marido tbm estava lá, paralisado encostado em uma parede no corredor do pronto socorro, uma médica me levou para um consultório, conversou comigo e me aplicou uma injeção, me dizendo que aquilo era para eu me acalmar que o medico já vinha conversar comigo, por enquanto ele estava ajudando salvar meu BB.

Voltei para a porta da sala de reanimação e empurrei a porta e não conseguir ver a Clara, só via médicos e enfermeiros em volta dela e só conseguir ver um pedaçinho do cabelinho dela, uma enfermeira me levou para fora e disse para eu ser forte pq a Clara precisaria da mamãe muito forte para ajudar ela a passar por aquele desafio.

Alguns minutos depois, um cirurgião pediátrico veio até mim e segurou minha mão e me disse assim: Mãe vc acredita em Deus? Eu respondi sim eu acredito. Ele mais uma vez falou: então peça a ele que faça o impossível na vida do seu BB pq nós faremos o possível para salvar teu BB. A situação dela é gravíssima, instável, não sabemos se ela vai aguentar essas primeiras horas que serão cruciais. Ela foi para a UTI e você e o pai poderão ir vê-la e conversar com os médicos intervencionistas. 

Foi quando eu voltei a realidade e vi que aquilo era comigo. Desabei, gritei, não conseguia acreditar que tudo que estava acontecendo era verdade. Como? Por quê? Vieram todas as perguntas e todas sem respostas. Bem, a Ana Clara passou pela primeira cirurgia de correção e mais uma vez, um milagre de Deus acontecendo em nossa vida, ela se recuperou com 11 dias surpreendendo toda a equipe medica da UTI e recebeu alta.
Passou 7 dias em casa e começou a ter um choro de dor novamente, ligamos para a pediatra que estava acompanhando ela e depois de fazer tudo que ela pediu, resolvemos levá-la para o pronto socorro novamente. Chegando lá, fomos recebidos pela mesma Dra. Que nos atendeu na primeira vez e como já conhecia o caso da Ana Clara nos deu prioridade e nos acompanhou nos exames.

Após o resultado do Raio-x ela carinhosamente me disse que a minha princesa tinha que ficar porque estava com água no pulmão, e que precisava fazer uma ressonância para saber mais a fundo o que estava acontecendo. Ela ligou imediatamente para a Dra. Auxiliadora e para o Dr. Sidney que foram os cirurgiões, informando o que estava acontecendo com a Clara. Eles mandaram nos internar e prescreveram os primeiros remédios por telefone a Dra. Cláudia.

Os remédios eram para dor e acalmou, ela dormiu e mamou bem até eles virem vê-la. A noite mesmo o Dr. Sidney veio nos ver e conversou comigo, dizendo que já tinha visto os exames e que a Clara estava com um abcesso no pulmão esquerdo, causado pelo mau funcionamento do diafragma. Ele disse que era para eu ficar calma que não era nada grave e que na manhã seguinte a Dra. Auxiliadora que é a cirurgiã responsável pelo caso da Ana Clara viria nos ver e nos dar outra noticia. Mas que tudo estava no controle e o mais importante naquele momento que ela não estava mais sentindo dores.

No dia seguinte, bem cedo a Dra. Auxiliadora veio nos ver e conversar comigo. Ela disse Ana a Clara vai precisar passar por uma nova cirurgia, para a retirada deste abcesso. Meu mundo caiu naquele exato momento, foi como seu tivesse voltado ao fundo do poço. Eu queria conversar com ela mais minha voz de tão tremula não saia, eu estava com minha mãe, pois meu marido estava trabalhando e não podia esta conosco porque estava em experiência em seu novo emprego.

Ela pediu para eu me acalmar e disse que ela ia levar ela para o centro cirúrgico para fazer a punção da água que estava na pleura por causa da inflamação. E isso ia fazer ela se sentir melhor, sem dor.

Pediu vários exames para saber quando poderia operá-la novamente, mais os resultados apresentaram uma anemia. Ficamos 7 dias internadas, nesse período ela tomou sangue, plasma, vitaminas e antibióticos.

No 8º dia ela foi operada pela segunda vez. A cirurgia tinha sido prevista para duas horas e demorou cinco horas. No Centro Cirúrgico ela teve hemorragia e pressão pulmonar. E o pior ainda estava por vir. No Hospital que ela foi operada não tinha UTI infantil e após sair do CC ela foi transferida em uma ambulância UTI móvel para outro hospital da Unimed.

Eu não sabia de nada disso. E para mim naquele momento era o bem estar da Clara.  Ela foi acompanhada de um anestesista e um enfermeiro e eu fui junto com ela na ambulância. Ela saiu toda entubada, com dreno por todos os lugares do corpinho dela, com sangue entrando e sangue saindo. No meio do caminho, o enfermeiro começou a bater no vidro que separava a cabine do motorista, como código. Eu perguntei o que estava acontecendo pq via o medico anestesista ligando e falando em códigos para a os médicos da UTI.

Bem, vou tentar resumir mais ainda. Nesse translado, o dreno do pulmão perfurou todo o pulmão esquerdo. Ela foi reaberta na UTI, em uma emergência pelo Dr. Sidney que estava por acaso lá visitando outro paciente e foi chamado as pressas à UTI e graças a Deus, isso fez com que a Clara fosse salva mais uma vez. Durante os 28 dias que a Clara passou na UTI, ela teve pneumonia bacteriana nos dois pulmões, teve pressão pulmonar, teve hemorragia intracraniana, teve arritmia, teve uma queimadura de terceiro grau no seu bumbum por causa das diarreias muitos acidas devido aos coquetéis de antibióticos que teve que usar, teve três dissecções por que perdiam a veia profunda.  Em fim, ela recebeu alta.
Depois dessas duas cirurgias ela teve várias outras internações, devido ter baixa imunidade, ficou com uma queda palpebral até seu 4º ano, ficou com diferença visível em sua caixa torácica na parte esquelética, teve que ter acompanhamento com neurocirurgião, cardiologista, pediatra, ortopedista, oftalmologista, fisioterapeuta e cirurgião pediátrico, e curtiu muito bem o seu 5º ano de vida.
Agora, quase com 6 anos, descobrimos que ela esta novamente com um problema no Diafragma. Passamos pelo susto e pelo desespero que sentimos nas outras vezes.

O tratamento também é cirúrgico. A Dra. Auxiliadora chama de Eventração Diafragmática, porque o diafragma não rompeu como da primeira vez. Ele ficou flácido, devido à má formação. O estado clínico dela agora é, alimentação fracionada, porque o estômago esta dentro da cavidade torácica, ela tem bastante azia, gases  e dor abdominal, não pode fazer esforços, como correr, pular, porque o mediastino está desviado e isso pressiona o coração e ela tem arritmia frequente.

Ainda não foi feito a cirurgia, porque ela sempre apresenta um problema e devido a isso a equipe suspende a cirurgia. Quando precisa ela fica internada de observação.

Atualmente, ela apresentou um distúrbio de coagulação, que esta sendo investigado no Hemoam aqui em Manaus. Ainda não temos previsão desta terceira cirurgia. Em uma conversa com a Dra. Auxiliadora e com outros cirurgiões, eles me falaram que isso é esperado, e imprevisível, em algumas crianças podem ocorrer ou não esta eventração.

Espero em Deus que esta seja a ultima cirurgia realizada na Ana Clara e que ela possa ter uma vida normal e saudável como outras crianças. No mais, tentamos levar uma vida social com ela, dentro de suas limitações. Curtimos bastantes nossos dias e aproveitamos cada minuto que ficamos juntas. Peço a Deus todas as noites força para mim e para ela e que saíamos fortes e vencedoras desta batalha contra a HDC.


Clarinha e eu. Ela estava com 1 aninho. Coloquei esta foto porque da para ver bem a primeira cirurgia, a segunda esta nas dobrinhas perto do peitinho.


Nesta foto, está o meu marido e pai da Clara, Marcos Pedro, Clarinha e eu. A Clara estava com 4 anos. Estávamos em uma festa temática de aniversário.


Esta foto é atual. Clara quando estava internada no Icam agora em julho. Como sempre com um sorriso lindo.

Essa é nossa história. Gostaria muito de ter encerrado este email, dizendo que ela esta totalmente curada e saudável. Vamos deixa para próxima postagem, e com a bênção de Deus vou poder sim dizer isto a você com muita alegria.
Agradeço muito a Deus por tudo que já aconteceu em nossas vidas, que através dos sofrimentos, pude olhar de outra forma para os meus familiares e para outras pessoas e tento todos os dias ser uma pessoa melhor, mais solidária, mais amiga, mais sensível aos problemas dos outros. Aprendi que temos que amar mais, brigar menos, falar mais, calar menos, vivo a vida como se fosse o ultimo dia para mim e procuro não deixar nada para o dia seguinte, se posso fazer hoje faço.
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Um bju grande no seu coração,
Ana.
 

Um comentário:

  1. Quanta luta.. Sua filha é um milagre Ana, e continuará sendo.
    Deus abençoe vcs!

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