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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Altos e baixos diários...

No dia seguinte chegamos na NEO, digamos que um pouco temerosos, ela estava novamente na sala 4 sozinha...
Ela estava entubada, estava mais serena e mais rosada...
Falamos com a pediatra, e ela nos disse que a extubação ontem fui um teste para ver se ela conseguiria se manter sem o oxigênio.
Disse que é bem normal nesses casos dar dois passos pra frente e um para trás...

Neste dia o Rafa foi pra Garibaldi resolver algumas pendências, ele saiu do hospital as 16:00. Me senti sozinha, só tinha vontade de chorar... Minha mãe foi pra lá pra ficar comigo, mas ela não podia entrar na NEO e só de pensar de chegar no dia seguinte e ter que entrar la sozinha, sem saber como ela tinha passado a noite, me deixava apavorada.

No dia seguinte cheguei na porta da NEO e já estava tremendo... Quando fui vê-la percebi uma movimentação estranha de médicos, fisioterapeutas e máquinas diferentes das que eu estava acostumada a ver... Falei com o cirurgião, e ele me disse que de manhã ela havia arrancado o tubo de oxigênio. (as enfermeiras a chamavam de gringa brava). Essa foi só a primeira vez das muitas que ela arrancou o tubo...

Como não podia ficar com ela durante o procedimento, fiquei na salinha dos pais, então chegou a pediatra de plantão e me disse que a pediatra dela chegaria ao meio dia e queria falar comigo... Desci pra falar com a minha mãe e ao meio dia subi novamente, tentei ir vê-la mas estavam fazendo diversos exames, ecografia abdominal, cerebral, raio x, dentre outros...
Fiquei na sala dos pais esperando por ela até as 16:00. Imagina esperar por 4 horas, sozinha, só imaginando qual a bomba que a pediatra lançaria sobre a minha cabeça.

Ela chegou cheia de dedos, falando que estava esperando o resultado dos exames e que havia aparecido muito líquido no tórax, e que talvez no dia seguinte eles fariam uma punção para tirar um pouco do líquido para analisar... Explicou como seria o procedimento, e quais os benefícios... Depois disse que ela estava com um pouco de anemia, e que teria que fazer uma transfusão de sangue. Meu Deus quando ela disse isso, eu quase desmaiei, sim por que aqui no interior quando a pessoa precisa de transfusão é por que esta com o pé na cova. Ela disse que essa transfusão estava prevista desde a cirurgia, e que o sangue estava separado pra ela desde então. Mas eu fiquei apavorada da mesma maneira, não queria acreditar, tudo estava desabando de novo...

Saí da NEO e fui conversar com a minha mãe, quando disse da transfusão ela desanimou na hora, minha irmã me ligou e quando contei ela teve a mesma reação... Não falei que as pessoas se apavoram.

Pegamos um táxi e fomos pra casa da Eda, fui todo o caminho me segurando pra não chorar, mas quando entrei na porta e a Eda que estava nos esperando pediu como tinha sido o dia, eu desabei! Chorei, chorei, liguei pro Rafa e chorei, chorei... Ficava pensando nela tão pequena, transfundindo sangue, fiquei pensando na imagem dela com a bolsa de sangue pendurada (sim, na minha ignorância e desespero imaginei que iam transfundir uns 5 litros de sangue. A imaginação da gente é uma coisa assustadora. Ela na verdade transfundiu 30 mls de sangue por uma seringa).

Naquela noite fui deitar sem jantar, não consegui dormir e não tive coragem de ligar pra NEO pra saber como tinha sido o procedimento...

Quando levantei no outro dia, achei que estava mais calma e mais forte, então a Eda veio conversar comigo e disse pra eu cantar pra ela uma música e começou a cantar: ...deixa eu dizer que te amo, deixa eu pensar em você, isso me acalma, me acolhe a alma, isso me ajuda a viver... Pronto, toda a força foi por água a baixo e eu desatei a chorar... é incrível como algumas palavras quando estamos em cacos acabam com a gente...

Fomos pro hospital, e eu fui correndo vê-la, minhas pernas tremiam e só pararam quando olhei na encubadora e vi que ela estava la quietinha dormindo... Foi neste dia que veio a órdem que não era mais necessário usar luvas, sim por que para entrar nas salas da NEO havia um ritual. A gente chegava, colocava uma máscara, um avental, lavava as mão, os braços até os cotovelos e colocava luvas. Mas finalmente as luvas haviam sido banidas e pela primeira vez pude tocar nela sem luvas. Senti aquela pele macia e quentinha... Esperamos por esse dia com muita ansiedade e pra variar eu desatei a chorar... Com certeza chorei mais nesse período que passamos por tudo isso do que em toda a minha vida.


Finalmente podíamos tocar nela sem luvas. Na foto, ela está com meias nas mãos para que não conseguisse arrancar o tubo de oxigênio.


O Rafa voltou pra POA neste dia, e quando lembro da emoção que senti quando vi ele descendo do táxi, tenho vontade de chorar... Parecia que eram 20 anos que ele tinha ido embora...

No dia seguinte 02-10-2010 (décimo primeiro dia em POA) quando estávamos almoçando, ligaram do hospital nos dizendo que o cirurgião queria falar conosco... Saímos do restaurante correndo, com as pernas bambas, mas felizmente as noticias eram boas, ele nos disse que ela estava super bem, que esta sempre se superando, que a infecção e a anemia estavam controladas, disse que o líquido que havia no tórax (não precisou fazer a punção) seria absorvido pelo organismo e que o pulmão esquerdo iria crescer aos poucos e iria preencher o espaço vazio.

Nesse dia fomos pra casa mais aliviados, mesmo assim como todas as noites, ligamos pra NEO e a enfermeira nos disse que estava tudo bem...

Quando tudo corria bem com ela diziámos que ela havia ganho uma estrelinha, e hoje foi um dia desses.

3 comentários:

  1. Débie, para quem é mãe (e acho q para quem não é tb), não tem como não chorar lendo essa palavras, felizmente a força que esses pequeninhos nos mostram é uma coisa surpreendente, e a capacidade deles de nos fazer ver a vida com olhos totalmente diferentes faz com que tenhamos força para sempre seguir em frente.

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  2. Só tem uma palavra pra definir vcs três: GUERREIROS...Amo vcs.

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  3. Débie, não deu pra segurar as lágrimas na parte da música... Eu tambem cantava pro João Pedro.
    Amiga, acredito que de alguma forma ou outra nossos blogs ajudam uma a outra. Que bom.

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