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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Nossa História - Cleide e Nicole Vitória

Bom dia queridos amigos, a história de hj não será contada pela mãe do querubim, mas sim pela tia... Nicole Vitória mais um anjinho no céu....

Me chamo Keidy, sou casada, tenho dois filhos e moro em Porto União, Santa Catarina. 

Vou contar a história da minha sobrinha Nicole, uma princesinha linda que lutou 26 dias pela sua vida, mas infelizmente não conseguiu vencer a HDC.

Minha irmã se chama Cleide e seu marido, André.

Minha irmã teve uma gravidez quase tranqüila até o quarto mês nos exames de ultrassom, o bebê era menino, tinha até o nome escolhido Nicolas. Ela já tinha comprado roupas azuis esperando um menino, no quinto mês a doutora pediu o ultrassom morfológico para ter certeza do sexo do bebê, e veio a surpresa... Era uma menina... Então o Nicolas passou ser Nicole. 

No exame tudo estava normal. No sétimo mês de gestação minha irmã começou a ter pressão alta. Foi feito os procedimentos de medicação e acompanhamento semanal para monitorar sua pressão.

Então no dia 18 de agosto de 2011, quinta-feira as 9:53 da manhã nasceu a Nicole, pesando 3.200kg e com o cordão umbilical com duas volta no seu pescocinho. Ela chorou pouco, o pediatra levou-a para os procedimentos neonatal. 

A enfermeira demorou a levá-la para o quarto, disse que ela estava na incubadora para ser aquecida pois naquele dia chovia muito e estava frio. Às 12h da manhã chegou a Nicole para alegria do papai, mamãe e da vovó paterna... Tiraram fotos e todos estavam muito felizes.

Eu fui vê-la às 12:40, fiquei cinco minutinhos com ela no colo, tirei uma foto dela com meu celular, e notei que sua cabecinha estava roxa e senti sua respiração fraca, pensei que era por causa do frio. 

Saí para trabalhar e no corredor já pedi que a enfermeira fosse vê-la, em seguida minha irmã pediu para minha cunhada Sirlei tirar a luvinha dela e sua mãozinha e unhas estavam roxas. A enfermeira levou-a e não voltava com notícias. Minha irmã pedia para trazê-la e as enfermeiras falavam que ela estava na incubadora para esquentá-la.

Ás 19h o médico veio com a noticia triste que chocou a todos, disse que a Nicole estava respirando por ajuda de aparelhos, disse que haviam feito um raio X, que constatou a HDC. Disse que os órgãos da Nicole estava tudos fora do lugar e que já tinha ligado para o Hospital Pequeno Príncipe em Curitiba, pedindo uma ambulância e uma vaga na UTI, disse que era um “probleminha” congênito. Não sabíamos nada sobre a doença e tudo ficou confuso, a tristeza tomou conta de todos, principalmente da minha irmã e do meu cunhado, que choravam muito.

Na sexta-feira às 15:00h a ambulância chegou com um pediatra para acompanhá-la. Foi muito triste não tive coração pra ir vê-la partir, minha irmã não se conformava, desesperada chorava muito.

Minha cunhada Sirlei foi dentro da ambulância, meu cunhado com meu irmão Clodoaldo foram atrás de carro acompanhando-os. Chegaram ás 19:00h da noite. 

Todo procedimento foi feito no hospital e somente no outro dia iriam conversar com os médicos. 

Meu Deus, só de lembrar me emociono, a pequena Nicole, tão pequenininha ficar longe de seus pais e sofrer tanto como ela sofreu....

Meu irmão Clodoaldo com minha cunhada Sirlei e o André (pai da Nicole) se hospedaram no hotel na frente do hospital. 

Passei a noite no hospital em Porto União com a minha irmã, ela dormiu pouco e chorou muito. Eu não conseguia acalmá-la, tive que pedir calmante para a médica. Foi muito triste, ficar vendo o bercinho vazio com as roupinhas da Nicole, as lembrancinhas na cesta sem serem mexidas. Meu cunhado ligava chorando para contar como ela estava, doía muito meu coração, eu tentava acalmá-la, mas a emoção tomava conta de todos.

Sábado e domingo meu cunhado ficou na UTI com a Nicole, ela estava sedada e instável, foram feito todos os exames necessários para fazerem a cirurgia que marcaram para segunda de manhã. No domingo à noite meu cunhado saiu de Curitiba para buscar minha irmã e minha mãe em Porto União.

No sábado de manhã minha irmã recebeu alta. Meu Deus, a tristeza não nós deixava... Quando ela entrou na porta de sua casa, já entrou chorando... A primeira coisa foi entrar no quartinho da Nicole e aí desabou de joelhos a chorar... Choramos muito, conversamos e rezamos...

Na segunda de manhã com muita chuva, foram para Curitiba, pensavam que a cirurgia da Nicole fosse de manhã como haviam marcado, mas aconteceu um imprevisto no hospital, e deu tempo deles chegarem e vê-la antes de levá-la para sala de cirurgia. Conversaram com ela, com lágrimas escorrendo de tristeza. 

A cirurgia demorou 1:30,  rezamos muito, o médico falou que a cirurgia foi bem, mas que o caso dela ainda era muito grave por que os órgãos tinham subido todos pra cima e que seu pulmãozinho esquerdo não havia desenvolvido devido a pressão dos outros órgãos. Disse que deveríamos esperar  72h, para sabermos como ela reagiria a cirurgia. Nossa!!! Esses dois dias foram angustiantes. O André não saia do lado dela. Dormia ao seu lado conversava com ela, dava carinho, rezavam muito para ela aquentar firme. 

Ver todo aquele sofrimento de um ser tão inocente era desesperador. Queríamos explicação por tudo aquilo que estávamos passando...Ficamos aqui só sabendo notícias pelo telefone e nunca foram noticias boas, mas nossa esperança e fé eram muito grande. Pensávamos que ela iria sair logo do hospital e com saúde. Imaginávamos ela chegando em casa, vestindo todas aquelas roupinhas lindas, usando seu bercinho coberto de bichinhos... Seu quarto branco decorado com bonecas e seu nome na porta “NICOLE” não tenho palavrassssss, tudo ficou vazio.

Passou às 48h. Ela ficou estável, tentaram tirar o oxigênio dela, mas ela não conseguiu respirar, tiveram que intubá-la novamente. 

No terceiro dia, seu abdômen começou a inchar, os médicos fizeram exames e constataram que seu intestino estava com uma perfuração e que uma nova cirurgia teria que ser feita. 

Fizeram uma junta médica para avaliar o caso e decidiram então fazer a segunda cirurgia. Ficamos sem chão, meu cunhado já havia voltado para Porto União, mas sabendo da noticia foi correndo novamente pra lá... Ele nem tirava a mochila do carro, cada vez que ligavam do hospital, ele saia correndo do serviço direto pra lá. 

Na sexta-feira, foi feita a segunda cirurgia, demorou 2h. O médico falou novamente que tínhamos que esperar 72h para saber mais sobre o estado dela.  Que tortura. 

Minha irmã conta que quando ela saiu da sala de cirurgia, saiu com os olhinhos abertos, esta hora foi um momento especial para ela, minha irmã sentiu Deus ao seu lado, estávamos todos com o coração na mão, ela agüentou firme.

Depois desta cirurgia, ela piorava a cada dia, teve infecção, hipertensão pulmonar, recebeu sangue, plaquetas, usou oxido nítrico 15 dias, e outras complicações... Seu pulmãozinho não estava reagindo.

Foram dias de angustias, minha irmã ficou na casa da minha prima Cleice que mora perto do hospital, e saia todos os dias de ônibus para o hospital, tomava chuva e passava muito frio, seus seios sempre derramando leite, sentia mais tristeza.

Ela conta que fez muitas amizades lá no hospital, tirava leite para doação no hospital, e conversava com mães que estavam sofrendo a mesma coisa... As vezes ela se sentia mais aliviada conversando com elas, pois via o sofrimento de várias mães e que não era só ela que estava sofrendo. 

Meu cunhado André era o paizão da UTI era o que mais ficava lá, conhecia todas as enfermeiras, médicos, bebês e pais, conhecia todas as histórias da UTI, presenciou muita tristeza.

No feriado de setembro fui vê-la, chegamos lá só meu cunhado havia subido para vê-la, demorou até que chegou, chorando no carro, eu e minha cunhada Sirlei ficamos com o coração na boca, perguntamos o que havia acontecido, ele falou que a Nicole estava linda, corada e calma, parecia estar bem, pois dias anteriores ela havia passado muito mal, estava inchada e roxa, uma noite anterior ela quase se foi, e quando não estava sedada sofria muito.

O horário de visita era as 14:30h, tivemos de esperar pois somente os pais poderiam entrar. 

Eu estava muito ansiosa para vê-la, fiz todos os procedimentos antes de entrar, orei muito para não chorar ao vê-la, não queria passar tristeza para ela... Fiquei com um nó na garganta, ela estava linda de fraldinha e acordada, falei o quanto nós a amávamos, ela me olhava com um olhar distante, olhar de sofrimento, parecia que ela pedia para tirá-la daquele sofrimento, chorava, mas não dava para ouvi-la devido os aparelhos, eu a acariciava e ela voltava a ficar calminha, tinha vontade de arrancá-la de lá, e sair correndo com ela nos braços, foi muito triste, fiquei 45 minutos... Ela começou se agitar com todos aqueles tubos na boca, sua barriguinha cheio de curativos, barulho das máquinas, não agüentei, me despedi e sai chorando...

Quando desci as escadas, minha irmã veio ao meu encontro perguntando como ela estava, eu não consegui falar, em seguida nos despedimos e deixamos minha irmã na casa da Cleice. 

Saímos de lá já era noite e tinha muita chuva, chegamos em casa, senti um vazio, chorei muito... Por deixar elas lá sozinhas enfrentando aquele sofrimento. Minha irmã tomava calmantes todos os dias para aquentar a correria.

No dia 13 de setembro às 11h, meu cunhado recebeu uma ligação do hospital, com más notícias. Disseram que a Nicole estava passando muito mal. Antes de viajar perguntou chorando para nós, se ele levaria alguma roupinha para ela, minha cunhada chorando também, falou que era pra ele seguir seu coração, pegou um macacão vermelho para levar e seguiu viagem.

Ficamos chorando em casa, fui trabalhar pensando que ela sairia dessa novamente, mas as 14h15min da tarde meu coração estava apertado, olhei para a janela da sala de aula e vi os galhos das árvores balançar  com um vento forte, levantei espontaneamente e sai para o corredor da escola e liguei para minha cunhada.

Em prantos ela falou que a Nicole estava falecendo no colo da minha irmã... Sai sem rumo, liguei para meu marido me buscar, cheguei em casa, ninguém sabia mais o que estava acontecendo. 

As 16h, minha tia Mercedes mãe da Cleice, tinha acabado de contar que a Nicole havia falecido no colo da minha irmã.
Minha irmã conta que saiu desesperada ao receber o telefonema do hospital, a Nicole estava passando mal. Pegou o ônibus, e no meio do caminho cansada, fechou os olhos por um segundo e  pediu a Deus que lhe desse força, pois não sabia o que estava acontecendo. Chegando ao hospital as médicas disseram que já tinham feito de tudo para salvá-la, perguntaram se ela queria pegá-la no colo, falou que sim, pediu para Deus não a deixá-la chorar, nesse momento, ali ela entregou sua filha para Deus, ela sentiu seu coraçãozinho batendo aos poucos e sua suave respiração sumir, a médica examinou novamente seu coraçãozinho e confirmou seu  falecimento.

A tiraram do colo da minha irmã para retirar todos os aparelhos, e deram-lhe novamente em seus braços, levaram as para a capela. Minha prima Cleice saiu para comprar roupas para a Nicole, pois não sabiam que o André estava levando. A Cleice chegou com as roupinhas e ajudou a minha irmã a vesti-la, “ficou com seu corpinho nos braços” até o André chegar, perto das 17:00h. 

O marido da Cleice,  Laco estava esperando-o em frente ao hospital, abraçou-o, e levou até a capela, ele chegou chorando e se ajoelhou em frente as duas, falou porque “Nicole você não esperou o papai chegar”..........foram momentos de muita tristeza, dor, sem explicação........... Meus primos deram apoio a eles, fizeram todos os procedimentos funerais e voltaram para casa. 

A tarde sai com a tia do meu cunhado a Mariza, para comprar coroas e flores, alugar a capela e fazer todos os preparativos para a chegada no funeral, chorávamos muito. Em casa todos os parentes se reuniram o fomos para a capela. As 22 h, chegaram minha irmã com meu cunhado, e atrás o carro funeral, não tinham combinado de sair juntos de Curitiba foi coincidência de chegarem juntos no mesmo horário na capela. 

Foi muito triste, ver aquele anjinho num caixão branco, dormindo profundamente em seu sono eterno. Foi um desespero, muita gente estava lá, parentes, amigos. Passamos a noite toda ao seu lado, não há deixamos nenhum minuto sozinha, sua pele estava rosada e macia, parecia estar dormindo num sono profundo. 

A despedida foi à tarde, minha irmã queria tirá-la do caixão para levá-la pra casa, falava que ela não tinha nada, estava viva, tinha muita gente, todos choravam crianças, adultos...

Fomos para casa. O vazio tomou conta de todos.

Na casa da minha irmã, o berço vazio a espera da Nicole, não tinha mais lágrimas, ficamos sedados pela dor.

Minha irmã conta que no dia velório seu seio sangrou com o leite, ela estava sentindo a perda da filha. Depois de sete meses ainda sentimos muita dor e tristeza, pois a Nicole foi o bebê mais esperado da família, primeiro filho, primeira neta paterna, primeira sobrinha da Dani e do Marcos, tios e padrinhos que a amaram e amarão eternamente a pequena Nicole.

Suas lembrancinhas ainda estão guardadas, sua luvinha, a primeira roupa usada está no meu guarda-roupa, às vezes me conforto com elas. Sua foto está em toda parte de sua casa, na minha cabeceira da cama tem a primeira foto que tirei. Esta é a única foto que saiu bem seu rostinho, foi tirada do meu celular em suas primeiras horas de vida, sem aparelhos. 

Minha irmã não teve coragem de tirar fotos dela na UTI, meu cunhado tirou com o celular, mas nenhuma saiu. 

Foram dias de muito sofrimento, 26 dias ela sofreu e lutou pela vida, mas Deus a levou, no chá de fraldas minha irmã pediu para ajudar a organizar, a festa, pediu para formar uma frase, pedi para minha outra cunhada Denise de Florianópolis me ajudar, colocamos “Nicole Presente de Deus”, o que foi realmente, meu cunhado sempre fala desta frase.

Eu e minha irmã
Cleide com vovó Juliana e vovó Verinha
Logo após o nascimento da Nicole

Nicole com o papai André

Nicole
Foi nos primeiros dias de vida da Nicole, que encontrei o blog da Débie, conheci várias histórias de crianças com HDC, mas a maioria era histórias tristes, conheci crianças e mães guerreiras que venceram a HDC.

Hoje acompanho todas as histórias, estas mães são verdadeiras guardiãs desses anjos, acompanham cada criança que nasce com o mesmo problema, se tornam psicólogas, amigas sabem tudo sobre HDC, estão sempre rezando por esses anjos. 

O blog é maravilhoso, acompanho sempre todas as histórias.

Prometi a Nicole em meu ultimo adeus que escreveria sua história de luta pela sua vida, anjinho que nos ensinou a amar mais, a viver mais, a não se queixar de qualquer dorzinha, ensinou sua mãe a ter esperança e viver sua vida como Deus o quer, nos ensinou que o bem material não vale nada, pois de todo seu enxoval, só levou-a consigo uma toquinha branca.

Hoje não planejo nada, deixo a vida passar com um vento, e sempre aconselho minha irmã e meu cunhado, que Deus não os deixou e que levou sua filha junto a ele porque ela era especial, um anjinho maravilhoso que não pertencia a esse mundo e sim ao mundo dele e que um dia todos vamos nos encontrar.

Beijossssssssssssssss

Tia e madrinha keidy, tios, primos, avós, avôs, parentes, amigos...

Se quiserem entrar em contato comigo, meu e-mail é keidyborges@hotmail.com.br e o da minha irmã é pretacle@yahoo.com.br


5 comentários:

  1. Sem palavras....depois que eu parar de chorar irei fazer um comentario....

    Dilma

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  2. Um anjinho lindo la no ceu... impossivel conter as lagrimas, principalmente por quem passou por todo esse momento, sabe muito bem como é vivenciar cada vitoria, e a cada tristeza. Bjos Keidy! Obrigado por compartilhar a historia da nicole conosco!

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  3. sou tia torta da nicole amo esse anjinho como amo minhas filhas e tenho a certeza que um dia vou reencontrar nosso bebezinho e isso e a unica coisa que me conforta um pouco penso nela todos os dias com amor e saudades tia chica....

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  4. Sempre que leio uma história me emociono e lembro do meu anjinho, mas essa em especial se parece muito com a minha que também só foi diagnosticada após o nascimento, ir para casa e encontrar o quarto todo arrumadinho e as lembranças que nunca foram dadas é muito doloroso. Guardo até hoje todas as lembrancinhas com seu nome e nascimento e a plaquinha do quarto.
    Força com o tempo o sofrimento ameniza mas fica o eterno amor e a eterna saudade.
    Bjs pra família que nessas horas são muito importantes na nossa vida

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  5. Obrigada a tdos pelo carinho com mais essa família q sofreu essa perda. Q Deus dê forças para que consigam seguir em frente...

    Beijao

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Obrigada por comentar! Fique atenta que responderei ao seu comentário no post q foi comentado. Beijãoo